Ha dois anos da virada do século... e do milênio, meados de 1998, uma escola de educação infantil, fundamental e médio, de razão social: Instituto Educacional Portal do Saber ―, popularmente conhecida como “Portal do Saber”, foi adquirida e reestruturada no município de Juína-MT. O primeiro passo para a fundação da nova escola deu-se a partir de uma campanha de marketing que visava popularizar a escola ainda mais. Assim nasceu o IEPS – Sigla de Instituto Educacional Portal do Saber. A seguir, uma campanha igualmente importante: a de captação de novos alunos, a razão de fato e a alma da escola.
Um ano depois, percebeu-se que todos os alunos do chamado “Terceirão” – ano final do Ensino Médio e ponte de passagem para o Vestibular, mudavam-se de Juína para cidades de grandes centros em busca de um curso superior. Constatava-se, entre a alegria de prepará-los e a tristeza de deixá-los irem embora, posto não haver qualquer alternativa, que nem em Juína nem em seus arredores existia uma instituição de Ensino Superior, o que já era, àquele tempo, condição muito importante a quem aspirasse ascensão social, progresso profissional e realizações pessoais.
De fato, a instituição de Ensino Superior mais próxima de Juína estava distante 550 Km, em Tangará da Serra - MT, com um pequeno detalhe naquela época que tornava a distância algo longe: o asfalto que sequer havia chegado a Campo Novo do Parecis-MT, cidade que dista a quase 350 Km de Juína. Da vizinha Vilhena-RO, Estado a Leste, a estrada singrando Reservas Indígenas cumprimentava 240 Km de chão, arenoso em boa parte, ficando com o trânsito impraticável a partir de 1985 por falta de manutenção, que, por conta de especificidades do terreno em pontos importantes de sua extensão, gerava altos custos aos cofres públicos, uma vez que exigia contínuas intervenções de reparo.
Nesse contexto, chegar de Juína ou vice-versa, consistia numa grande aventura que, de modo algum, figurava uma história em quadrinhos daquelas que se gosta de ler. Com o abandono da estrada para Vilhena-RO, por exemplo, Juína-MT praticamente ficou isolada; qualquer morador daqui, para chegar então ao centro importante mais próximo, Vilhena-RO, tinha que rodear a fronteira interestadual e rodar 640 Km – sempre é importante rememorar – de chão duro ou de barro, passando por Brasnorte, Sapezal, Campos de Júlio e Comodoro, ― cuja travessia até finalmente alcançar Vilhena, no Estado vizinho, poderia custar dias. O trajeto rumo à capital do Estado de Mato Grosso não era diferente em quase nada. Apesar de mais próxima se considerada uma menor extensão de estrada não pavimentada a ser vencida, Cuiabá simbolizava em sua ligação com Juína uma rota igualmente de fadiga e desespero – viagem a que não se furtava apenas quem não estivesse inapelavelmente obrigado.
Percebendo tal situação, o que se deu justamente com a chegada do ano da virada do século... e do milênio, o ano de 2000, iniciou-se a busca por uma instituição de Ensino Superior que se dispusesse na condição de parceira para levar formação de Terceiro Grau a Juína. Nesse propósito, foram empreendidas várias visitas a instituições de grandes centros tidas como potencialmente promissoras numa perspectiva de possível colaboração; umas ouviram, outras sequer se deram ao trabalho de agendamento de reunião e todas as portas das IES visitadas se mantiveram fechadas.
Decorridos dois anos, porém, em 2002, nosso fundador conseguiu firmar um convênio com uma instituição de Ensino Superior de Várzea Grande-MT, momento em que foi levado à condição de Consultor de Pós-Graduação Lato Sensu. Nesse entrementes, ele criava a Mantenedora das futuras faculdades, a AJES, cuja sigla então abreviava o nome Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena, que assim surgia para assegurar a primeira instituição dentre suas mantidas: O Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena, pelo qual solicitou-se o credenciamento e a autorização do Curso de Licenciatura em Letras, com habilitação Português/Inglês e respectivas literaturas, com 200 vagas/ano, das quais 100 vagas eram destinadas ao período matutino e outras 100 ao período noturno. Concomitantemente, foi criada outra mantida, a Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena, pela qual foi requerida a autorização do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, com 100 vagas para o período noturno.
Com efeito, a partir de 2002, o Instituto Educacional Portal do Saber – IEPS se adequava para ser também o portal da primeira faculdade presencial regular da região noroeste de Mato Grosso, tornando Juína uma cidade vital para a economia, a cultura, a política, a educação e já para a história desta parte do mapa mato-grossense.
Clodis Antonio Menegaz, de patrono do colégio a Diretor-Geral da AJES, deixava de ser o guardador de livros em livraria para soerguer-se comprador inveterado de livros, livros... e mais livros em prol de um sonho visionário e de uma ambição talvez pretensiosa demais: fazer da AJES referência no Ensino Superior do Estado de Mato Grosso.
A propósito, os primeiros livros foram todos adquiridos na cidade de São Paulo - SP, nos chamados sebos, pois a mantenedora não dispunha de recursos financeiros e nem crédito para comprar a prazo. Tais livros vieram de São Paulo - SP para a desconhecida Juína-MT, transportados nas carrocerias de camionetes.
A partir de 2004, a expansão do Programa de Pós-Graduação da IES chegou a Colniza, no extremo noroeste do Mato Grosso, Rolim de Moura - RO, Colorado do Oeste-RO e Corumbiara-RO, fortalecendo a presença e os compromissos da AJES na região e para além das fronteiras do Estado que lhe deu origem.
Finalmente, em fevereiro de 2005, com a visita in loco da Comissão do INEP/MEC, nossa infraestrutura, equipe pedagógica e biblioteca foram avaliadas com parecer favorável ao credenciamento das duas mantidas, bem como seus respectivos Cursos: Letras e Ciências Contábeis.
Assim, a 14 de abril de 2005, para satisfação geral, lia-se publicada no Diário Oficial da União a Portaria de n° 1.227, materializando o Credenciamento da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena; na sequência, a Portaria de n° 1.228 autorizava o Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis. No mesmo Diário publicava-se a Portaria de n° 1.229 criando o Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena, que por sua vez alojava o Curso de Licenciatura em Letras – Português/Inglês e respectivas literaturas, autorizado pela Portaria de n° 1.231.
Aos dez dias de agosto do ano do nascimento, 2005, tivemos a aula inaugural em nossa tão sonhada AJES ‒ Faculdade do Vale do Juruena. Nossa Primeira Turma de Ciências Contábeis continha pouco mais de 50 acadêmicos matriculados, no curso de Letras, período matutino, mais de 30 acadêmicos matriculados, e, na turma do período noturno, outros 45 acadêmicos matriculados.
Chega o ano de 2006 e com ele as expectativas de crescimento da AJES, especialmente pela escolha e autorização de novos cursos, a fim de que os filhos de Juína permanecessem em Juína e contribuíssem para o desenvolvimento econômico sustentável e de bem-estar social de sua cidade e de sua gente. Nesse momento, a AJES já atraía estudantes de cidades mais próximas, como Castanheira-MT e Aripuanã-MT. Os de Castanheira, cidade a cerca de apenas 30 km de distância, em via asfaltada, vinham e voltavam de ônibus; já os de Aripuanã tinham que se mudar para Juína por conta da distância, 210 Km de estrada não pavimentada.
Ainda em 2006, percebeu-se que a maioria dos acadêmicos da AJES pertencia a famílias que possuíam renda satisfatória para a manutenção de seus filhos na faculdade; entretanto, percebeu-se também que muitos alunos egressos do Ensino Médio ficavam fora da sala de aula em razão de condições econômicas desfavoráveis. Para trazê-los ao lugar que efetivamente representa transformação de pessoas e da sociedade, e garante mais e melhores oportunidades para a autonomia do indivíduo, foi criado um plano de subsídio ao acadêmico, o FAAES – Fundo de Apoio ao Acadêmico do Ensino Superior, que, até aos dias de hoje, permite, a estudantes normalmente à margem do ingresso no Ensino Superior, a liberdade de sonhar e realizar o sonho de graduar-se numa área do conhecimento superior de sua escolha, mudando sua vida e os espaços do mundo à sua volta.
Ainda neste período, foi criado o Projeto “Vem-Ser”, com modalidades de bolsas de estudo de 50% do valor das mensalidades, destinadas a aspirantes de baixa renda, ao que os contemplados automaticamente ficavam vinculados ao Programa de Iniciação Científica da AJES, nascendo, então, e também, os Núcleos de Pesquisa da IES, os quais projetaram diversos alunos ao ingresso regular em Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu brasileiros.
No ano seguinte, 2008, o Programa de Iniciação Científica foi aperfeiçoado, e, em todos os semestres, a IES vinculou alunos de baixa renda a todos os cursos ofertados, incrementando um processo de produção de novos saberes e de aplicabilidade de soluções que logo seriam advindas dos Projetos de Extensão e dos resultados de Pesquisa em Iniciação Científica, retornando, às comunidades locais na área de abrangência da AJES, parte importante dos investimentos na formação de seus filhos e filhas, mas ainda de pais e mães que se animaram com a oportunidade de estudar e amainar o tempo perdido, quem sabe até superá-lo, face à perspectiva da formação em nível superior.
No ano de 2009, a AJES estava pronta para mais um desafio: o de trazer para a região os cursos da área de saúde. Com efeito, a 10 de agosto de 2009, foi protocolado junto à Plataforma e-MEC o pedido do Curso de Bacharelado em Enfermagem. Em junho do ano seguinte, recebemos in loco a Comissão avaliadora do INEP/MEC, cujo Relatório recomendava a autorização do Curso com conceito 4, na escala de 1 a 5. Sete meses depois, a Portaria de n° 18 publicava no D.O.U. de janeiro de 2011 a autorização do Curso de Enfermagem na AJES em Juína, abrindo caminho para os demais cursos já em funcionamento: Fisioterapia e Psicologia.
E a AJES continuou sua trajetória de expansão, e desempenha papel fundamental na sociedade juinense, seja por meio de suas atividades enquanto academia, seja por meio do papel social que desempenha.
Em 2018 depois de um moroso processo administrativo junto ao Ministério da Educação, que teve início em 26/10/2016, por meio da Portaria 127 de 26/02/2018 o Instituto Superior de Educação e a Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena, foi unificado, tornando uma só mantida, agora denominada Faculdade do Vale do Juruena.