A Universidade de Oslo realizará, nos dias 4 e 5 de setembro, o workshop “Political Philosophy Looks to Antarctica” (A Filosofia Política olha para a Antárctica), sob a coordenação da professora Maria Alejandra Mancilla. Trata-se do primeiro evento relacionado ao programa de doutorado sobre o mesmo tema, do Departamento de Filosofia, Clássicos, História das Artes e das Ideias da Faculdade de Ciências Humanas daquela Universidade.
Os palestrantes do evento são professores da Universidade de Oslo e também de Universidades de diversos países: Maria Alejandra Mancilla (Universidade de Oslo); Julia Jabour (Universidade da Tasmânia); Klaus Dodds (Universidade de Londres); Adrian Howkins (Universidade do Colorado); Dorottya Bognar (Universidade Ártica da Noruega); Erik Røsæg (Universidade de Oslo); Doaa Abdel-Motaal (Oxford Martin School), todos profundos conhecedores das demandas e dos interesses sobre os recursos e territórios antárcticos.
O Brasil possui interesse sobre o tema, uma vez que é Parte Consultiva do Sistema do Tratado da Antártica (STS) desde setembro de 1983 - http://www.ats.aq/devAS/ats_parties.aspx?lang=s -, desenvolvendo pesquisas naquele continente, onde, inclusive, possui uma Estação Permanente (Estação Antártica Comandante Ferraz). A propósito, o Programa Antárctico Brasileiro (PROANTAR) é coordenado pela Marinha Brasileira (https://www.mar.mil.br/secirm/portugues/proantar.html).
O professor José Natanael Ferreira, da AJES, que se encontra em Oslo desde junho pp., estará presente e participará do workshop. A respeito, ele comentou: “A proposta do programa de doutorado e, mais especificamente, desse workshop, é por demais interessante, no sentido acadêmico do tema, uma vez que pretende que as demandas territoriais apresentadas por diversos países sobre o território da Antárctica sejam analisadas sob a ótica da Filosofia Política. Tudo o que já se estudou e escreveu sobre aquele continente gelado refere-se a diversas áreas do conhecimento (Ciências Ambientais, Direito, Economia, Política), porém, não sob o ângulo da Filosofia Política. Deseja-se, então, verificar se as demandas e interesses de governos e de países sobre os recursos e territórios da Antárctica podem ou não ser justificadas sob amparo da Filosofia. Pretende-se, também, analisar se o Sistema do Tratado da Antárctica pode ou deve ser considerado como instância única para a decisão sobre os temas da Antárctica, ou se deve ser apenas uma instância subsidiária para outros fóruns, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU)”.
Sobre a importância de sua participação, o professor explicou: “O conhecimento não ocupa espaço e nunca é demais. Trata-se de um tema importante, e novo para a realidade em que vivemos, no entanto, diz respeito muito próximo aos interesses brasileiros, tanto que o Brasil possui uma Estação Permanente de Pesquisa naquele continente, possui um programa inteiramente dedicado às pesquisas na Antárctica e, embora nunca tenha apresentado oficialmente uma demanda por território, interessa-se, sim, pelos destinos que a Política e o Direito Internacional poderão decidir sobre esses assuntos. Então, eu, como brasileiro e como professor, não poderia perder essa oportunidade única de mais aprender”.
E o professor aduz que a importância do workshop é ressaltada ao se observar que ele será encerrado, na terça-feira (dia 5), pela própria Embaixadora da Noruega para o Conselho Ártico e para a Cooperação do Tratado da Antárctica, Anniken Krutnes, e pela Chefe do Departamento de Regiões Polares do Reino Unido, Jane Rumble.
A programação completa do workshop encontra-se disponível no anexo.
Observação: para viajar à Noruega, o professor José Natanael Ferreira solicitou a suspensão temporária do seu contrato de trabalho com a AJES, sem remuneração.